Blood Red Shoes – Blood Red Shoes

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O Blood Red Shoes foi formado em 2004, o primeiro álbum deles foi lançado em 2008, mas eu só tive a chance de conhecê-los, muito por acaso, no início de 2011, quando assisti Scott Pilgrim vs. The World. Dentre as músicas selecionadas para estarem na soundtrack do filme, estava uma das melhores músicas deles, a “It’s Getting Boring By The Sea”. Ao ouví-la, senti algo que não sentia desde que tive contato com The White Stripes pela primeira vez, em meados de 2001. Eu realmente precisava ouvir tudo que eles tinham lançado.

Indo de contramão à grande parte do cenário daquela época, Laura-Mary Carter e Steven Ansell apostavam na crueza do som da guitarra e na força que a bateria podia ter. Eu, que sempre amei a pancada que o contra-baixo trazia às músicas, me vi apaixonado por uma banda que conseguia ter o mesmo peso, senão um peso maior, sem ele.

Contudo, com o passar do tempo, eles passaram a apresentar um caráter experimental em suas composições, deixando um pouco da crueza da época do Box of Secrets (2008). E isso não foi ruim, In Time To Voices (2012) é um dos melhores álbuns que pude ouvir na minha adolescência, mas, ainda assim, não parecia ser a mesma banda.

Logo no início de 2013 eles lançaram o EP, Water, e já na primeira música eles deixaram bem claro qual seria o objetivo deles para o próximo álbum: trazer a mesma simplicidade e a vibe Do It Yourself presente nas suas primeiras gravações. E, agora, com o álbum em mãos – ou melhor, em ouvidos – posso dizer que eles fizeram algo muito melhor e grandioso.

Este álbum é o perfeito reflexo dos seus 10 anos de carreira, conseguindo agradar cada um dos seus fãs: desde os que gostaram mais do Box of Secrets (pela essência fuzz-riot-punk-garage-rockeira-ufa), até os que gostaram mais do perfil experimental e introspectivo da banda, presente no último álbum.

O peso do álbum já começa na faixa introdutória, “Welcome Home”, que faz uma alusão possivelmente proposital ao fato deles terem voltado a ter a essência do primeiro álbum em algumas músicas, e também está presente em “The Perfect Mess”, que tem um dos melhores riffs que 2014 podia trazer, e em “An Animal”, que é porrada do início ao fim e beira ao stoner rock do Queens of The Stone Age, uma de suas influências declaradas.

Mas, como na vida, o álbum não é composto apenas de tapas na cara: a introspecção é notável em quase metade do álbum. O destaque está em “Stranger”, que começa bem calma e, depois, explode em um mar noise com os vocais da Laura e em “Tightwire”, a faixa final do álbum, que começa só com o piano e as baquetas do Steven e trata de uma revolução.

No fim, este trabalho consegue tratar dos sentimentos mais genuínos do ser humano, consegue extravasar raiva no início e no fim, se torna algo mais palpável, beirando ao triste e desesperador pelas letras mais bem pensadas. É o registro mais puro da carreira deles e, com certeza, muito mais do que eles mesmos esperavam.

8,5/10.

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